MAKERS
O público-alvo do Projeto MEMAKER são adolescentes moradores de comunidades carentes, sem muitos recursos ou oportunidades além do universo onde vivem. Visando isso, nossa primeira parada foi a comunidade Entra Apulso, uma das Zona Especial de Interesse Social (Zeis) do bairro de Boa Viagem, no Recife (PE). A Entra Apulso tem cerca de 7 mil habitantes e uma população com perfil empreendedor, apesar das dificuldades socioeconômicas e de infraestrutura que enfrenta, além de contar com uma rede de entidades que já atua articulando melhorias para mudar realidade da comunidade.
Maria Helena é a integrante do projeto que tem mais idade, 17 anos. Antes de entrar no MEMAKER, não tinha muito contato com tecnologia. Além do celular e do computador, nem imaginava um dia estar participando de um projeto como esse. O que chamou a atenção dela foi a possibilidade de unir robótica à arte. Para a jovem, além dos conhecimentos adquiridos com essas disciplinas, um aspecto importante que melhorou em sua vida depois do MEMAKER foi a timidez.
“Antes eu tinha muita vergonha de falar em público, nem que fosse uma conversa, eu sentia muita vergonha. Outro ponto que mudou foi que, agora, eu olho para as coisas e penso: eu posso fazer isso. Eu fiquei chocada. A gente só sente quando vê” , revela Maria Helena, que, recentemente, viajou para Portugal, e percebeu que muitos projetos desenvolvidos nas universidades portuguesas, por pessoas mais velhas e experientes, têm bastante semelhança com os que são realizados no MEMAKER.
Para Maria Eduarda, 14 anos, participar do MEMAKER foi um modo que encontrou para frequentar outros lugares, sair mais de casa e se socializar melhor. Hoje, ela conta que já tem mais amigos do que antes de entrar no projeto. A forma de perceber o mundo também mudou para a adolescente. Agora, até o lixo é visto de uma maneira diferente.
“Uma coisa que eles sempre trabalham com a gente é que tudo é reaproveitável. Você passa a ver as coisas no lixo e a pensar: isso não era para estar aqui, poderia ser usado assim e assim. Eu sempre quis ser arquiteta. Agora, vivendo com essa questão da robótica e da arte, eu vi que tem muita coisa a ver com arquitetura. Então, eu me vejo formada em arquitetura e, depois, fazendo uma faculdade de Ciência da Computação para unir as duas coisas”, conclui Maria Eduarda sobre seu futuro.
Juntas, Maria Helena e Maria Eduarda, fazem parte do projeto que as levou para Portugal, em maio de 2018. O trabalho desenvolvido pelo grupo, que conta ainda com a participação de mais três integrantes, prevê a ocorrência de alagamentos e informa os locais em que já há acúmulo de água, com o auxílio de sensores. O projeto surgiu a partir de uma necessidade do dia a dia da comunidade do Entra Apulso, que na época chuvosa sofre com os transtornos dos alagamentos, relacionados não apenas à mobilidade, como também à proliferação de doenças.
Dados
População do Recife de acordo com o último Censo (2010) – 1.537.704 pessoas
População de Boa Viagem (2010) – 122.922 pessoas
População de Boa Viagem (0 a 17 anos) – 23.765 habitantes
População residente em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais (Comunidades/Favelas): 5.955 no Entra Apulso